Cientistas da ESA, a agência espacial européia, confirmaram nesta quarta-feira a existência de raios elétricos na atmosfera do planeta Vênus. Desde 1978, uma teoria da Nasa, a agência espacial americana, discutia a ocorrência desses raios na superfície, mas nada era confirmado.
A Nasa, em 1978, já afirmava que o planeta tinha atividade elétrica na superfície
Uma nova imagem da superfície terrestre do planeta, captada pela sonda Magellan, da Nasa, também foi divulgada.
Segundo o físico Stanislav Barabash, a confirmação da existência de relâmpagos trata-se de uma poderosa fonte de energia que, na Terra, altera a química da atmosfera e, portanto, também deve modificar a de Vênus. "Estes são os primeiros resultados globais iniciados pela sonda Venus Express em 2006, e que está no apogeu de sua trajetória", comentou Dmitri Titov, coordenador científico desta missão da ESA, cujo orçamento é de quase 220 milhões de euros.
A ESA prevê apresentar nos próximos meses os resultados das análises químicas da atmosfera de Vênus, assim como uma cartografia técnica de sua superfície.
Em 2006, os cientistas comprovaram que toda a água que existia em Vênus no passado evaporou, deixando apenas alguns rastros em sua superfície.
A água evaporou por causa da presença de CO2 e do calor, que foi se multiplicando ao longo dos anos.
Mesmo sendo parecido com a Terra em volume e massa, o planeta possui muitas diferenças na superfície, como a presença de 96,5% de dióxido de carbono em sua atmosfera. Em razão da maior proximidade com o Sol, as temperaturas chegam a mais de 450°C.
O planeta mais brilhante do Sistema Solar também é coberto por uma camada atmosférica quente de quase 100 km de espessura. Segundo o cientista Giuseppe Piccioni, Vênus convive com uma "variabilidade enorme": os ventos, por exemplo, podem passar de 200 km/h a 50 km de altitude para 400 km/h a 70 km de altitude. Estes fatores vêm acompanhados por ventos solares que, somados à falta de campo magnético do planeta, provocam a "perda" de atmosfera.
"Vênus perde íons de oxigênio, hidrogênio e hélio, e definitivamente perde água", explicou Piccioni. Tal perda é vista na superfície planetária, onde a água é inexistente: "Os oceanos desapareceram, só há três cm de água na atmosfera", disse Stanislav Barabash. Para justificar a eliminação das superfícies aquáticas, os cientistas da ESA apontam para a numerosa presença de hidrogênio pesado nas moléculas de água, 150 vezes superior a das moléculas terrestres.
Fonte: Notícias Terra