A China está na reta final para o lançamento de sua terceira -- e mais audaciosa -- missão tripulada. Depois de se tornar a terceira potência nacional a enviar gente ao espaço por seus próprios meios (depois de Rússia e EUA), os chineses agora pretendem realizar sua primeira caminhada espacial.
A espaçonave Shenzhou 7 (nome que pode ser traduzido como "nave divina") já está acoplada ao topo do foguete Chang Zheng 2F (em português, "longa marcha") e deve fazer sua primeira tentativa de decolagem nesta quinta-feira (25). O momento do vôo pende apenas por condições meteorológicas no Centro de Lançamento de Jiuquan. A primeira oportunidade para o início da missão ocorre entre 8h07 e 9h27 desta quinta (horário de Brasília).
Turistas acompanham transporte do foguete
Longa Marcha-2F, com a nave Shenzhou 7 a
bordo, para a plataforma de lançamento
(Foto: AFP)
O sucesso da Shenzhou 7 é fundamental para a meta chinesa no sentido de construir uma estação espacial própria -- projeto que eles pretendem iniciar até 2020.
Pela primeira vez, um trio de taikonautas (como a imprensa internacional costuma chamar os viajantes espaciais chineses) viajará junto ao espaço. No momento, há seis potenciais tripulantes em treinamento -- uma tripulação titular e uma reserva.
Os titulares são Zhai Zhigang, Liu Boming e Jing Haipeng, todos com 42 anos. Embora todos pertençam ao exército chinês (como pilotos de caça), a China enfatiza que sua missão não terá objetivos militares.
AberturaOs chineses começam a se abrir um pouco mais com relação a seu programa espacial tripulado. Tanto que houve um encontro da tripulação com a imprensa, na noite desta quarta-feira.
"A missão Shenzhou 7 marca um avanço histórico no programa tripulado chinês. É uma grande honra para nós três voar nessa missão, e estamos totalmente preparados para o desafio", disse Zhai Zhigang à imprensa, segundo a agência chinesa Xinhua.
"Fui incluído na fase final de treinamentos três vezes, durante as missões Shenzhou 5, 6 e 7", afirmou, comemorando sua escalação para o vôo de 2008.
A inédita caminhada espacial a ser promovida por um dos três tripulantes -- ponto alto da missão -- deve ser transmitida ao vivo pela televisão chinesa.
Caso tudo dê certo, o astronauta escolhido para andar no espaço passará 40 minutos fora da espaçonave. É uma oportunidade para a China testar seus trajes espaciais e sua mobilidade -- elementos essenciais para a futura construção de uma estação.
O traje chinês, assim como a espaçonave, é fortemente baseado em tecnologia russa. A Shenzhou é uma versão aprimorada da Soyuz, nave usada há décadas pelos russos em seu programa espacial. As principais diferenças estão no módulo de experimentos, que é maior e tem mais funcionalidades na Shenzhou do que na Soyuz.
A nave chinesa também tem mais painéis solares e, portanto, mais eletricidade que sua contraparte russa.
Passos segurosA China iniciou seu projeto de vôo espacial tripulado em 1999. Após quatro missões-teste, sem tripulação humana, em 2003 partia a nave Shenzhou 5, com Yang Liwei -- o primeiro ser humano colocado no espaço pela China.
Uma segunda missão veio em 2005, quando os astronautas Fei Junlong e Nie Haisheng passaram cinco dias no espaço, a bordo da Shenzhou 6. O vôo confirmou a durabilidade e confiabilidade da espaçonave.
Agora, vem o primeiro vôo com a capacidade máxima a bordo -- três tripulantes -- e com uma caminhada espacial nos planos.
Fonte:
G1 > Ciência e Saúde