Na madrugada de 18 de Dezembro, um bizarro objecto luminoso foi capado pela câmera All-Sky (MASCOTT) do Observatório Paranal da ESO (Europeam Southern Observatory).
Durante 45 minutos, o objecto surgiu como um risco luminoso até se transformar numa nuvem e finalmente se dissolver no céu.
A sequência de imagens foi descoberta depois das 4 da manhã por Christian Esparza, um operador do Anti - a primeira unidade telecópica do Very Large Telescope (VLT) da ESO.
Esparza mostrou-a ao astrónomo Rivinius.
Se Rivinius estava ensonado, perdeu imediatamente o sono com o que viu: um OVNI. Sendo um cientista, não descansou enquanto não o identificou.
Esta câmera All-Sky que Esparza estava a operar lança cá para fora, de 3 em 3 minutos, imagens do céu nocturno. Objectivo: detectar a presença de nuvens. Chama-se Mini All-Sky Cloud Observation Tool, tendo então dado origem a carinhosa abreviatura de MASCOT.
Que fez então Rivinius? Correu lá para fora para ter a certeza de que não se tratava de um efeito óptico. «Quando a vi, já aquilo tinha tomado a aparência de uma nuvem. Na verdade, era tão grande e brilhante como a Grande Nuvem de Magalhães».
A Grande nuvem de Magalhães é uma galáxia de forma irregular que pertence ao chamado Grupo Local.
Está afastada de nós cerca de 165 mil anos7luz.
Por esta altura já o astrónomo se convencera de que não havia nenhum problema com a câmera. Deu-se início então a uma verdadeira caçada para determinar que tipo de objecto poderia ser.
Primeiro passo: falar com um especialista em cometas para saber se aquilo podia ser um. Emmanuel Jehin, também da ESO, estabeleceu que aquili não poderia ser nem um cometa nem um meteoro - demasiado lento, afirmou. A estação Orbital Internacional também não podia ser - e pelas mesmas razões. Satélite? Não havia nenhum a passar sobre a zona. De qualquer modo, como seria possivel que um satélite ou a própria estação orbital mudar de forma?
Segundo passo: verificar o site New Sky Live. Ao que parece, o mesmo fenómeno fora observado por uma câmera All-Sky localizada 6oo km a sul do Observatório Paranal.
Tendo em conta estes dados - e o uso de uma série de calculos - foi possivel medir a distância a que se encontrava o objecto: a 6 mil km de altura no momento em que foi visto pela 1ª vez e ao dobro dessa distância nas imagens subsequentes. Isto significava que o objecto estava a afastar-se da terra a uma velocidade estonteante. Afinal o que poderia ser aquilo?
Como um objecto astronómico estava fora de hipótese. Rivinius calculou que devia tratar-se de um foguetão acabado de ser lançado.
Bingo!!! Rapidamente descobriram que, nessa manhã, aproximadamente uma hora antes de ser avistado em Paranal, a Agência Japonesa de Exploração Aerospacial (JAXA) lançara um foguetão H-IIA que carregava um satélite - KIKU No. 8 (ETS-VIII) - um dos maiores satélites geo-estacionários do mundo.
Afinal não era nem um OVNI nem o Papai Noel: a semelhança com uma nuvem devia-se ao facto de o foguetão ter largado o combustível líquido em sobra para evitar desfazer-se em mil pedaços nas ultimas fases da sequência de vôo. Como acabou a história? O astrónomo Rivinius conseguiu finalmente ir dormir descansado...
Visitem:
http://www.eso.org/outreach/pressrel/pr-2006/pr-48-06.htmlhttp://www.eso.org/public/outreach/press-rel/pr-2006/images/santa